Sempre que se aproxima uma eleição faço o papel de evangelizador da importância do voto e aos descrentes nas alternativas apresentadas faço a apologia do voto em branco.
Considero que o esforço de ir votar em branco é muito superior ao dos que ficam em casa ou na praia ou no café a praguejar e se abstêm. A abstenção pode ser por qualquer razão, o voto em branco é uma expressão efectiva: não queremos nenhuma das propostas.
Também acho que as eleições em que a abstenção seja superior a 50% não deviam ser válidas. E olhando para o exemplo de alguns países europeus, o abstencionista devia ser penalizado: não tendo benefícios fiscais, por exemplo. Se não gosta do estado em que vive e se não participa… temos pena. Claro que as urnas estariam abertas mais tempo e porque não, durante a semana. Não percebo esta cena do dia de reflexão (só mesmo pelo nosso descanso auditivo) e do voto ao domingo tipo missa.
Adiante…
Bebendo da fonte, o site da CNE, só nas eleições europeias o fenómeno do voto em branco e nulo é mais expressivo. Nas legislativas mal chegam a 2% dos votos com abstenções abaixo dos 40%.
Mas nas Europeias deste ano os brancos e nulos chegaram a 6,63% dos votos, ou seja, mais que os pequenos partidos todos juntos e menos de 2% abaixo do CDS-PP. O suficiente para ter “roubado” um deputado a alguém e alterado todas as contas.
E se olharmos para os resultados por distrito podemos ver que:
. nos Açores os brancos ocupam a 5ª posição (6,34%), acima do PCP e pouco abaixo do BE;
. idem em Aveiro, com 7,50%;
. em Beja, 5,20%, acima do CDS;
e em Bragança, Castelo-Branco, Coimbra, Évora, Guarda, Leiria, Santarém e Setúbal a história repete-se.
Se alguém procura ver nos resultados das eleições um voto de protesto é para aqui que deve começar a olhar, não para os lados.