Para além dos posts sobre os projectos que publicarei no blog da Active, este é especialmente dedicado ao regresso à vida normal depois de mais uma experiência quase espiritual que é participar na Reboot, visitar e viver Copenhaga durante uns dias e concluir que nós temos muito pouca noção do bom que a nossa vida podia ser em Portugal. E era preciso fazer tão pouco.

Sobre a cidade

Lendo o último número da Monocle onde se indicam as melhores 25 cidades do mundo para se viver (Lisboa está em 25º), facilmente as papávamos todas e chegávamos a primeiro.

Temos sol, temos uma frente de rio brutal, temos uma cidade cheia de história e pergaminhos, temos quarteirões inteiros ao abandono onde se podiam começar experiências de reconversão urbana pensando numa vida sustentável, temos a nossa simpatia, a nossa “poliglotisse”, a comida… temos tanto e aproveitamos tão pouco e ainda assim ganhamos dinheiro. Imaginem se melhorarmos.

E depois penso no resto do país, nos nossos suburbios rurais que tentam copiar as cidades e se lhes escapa o essencial sem tentarem fazer a diferença, nas cidades médias que andam perdidas à procura do seu papel, salvo raras excepções.

Como tudo, não podemos ficar à espera que venha alguém e que faça tudo sozinho. Urge participar, exigir, usar, criticar e aplaudir. Urge começar pela nossa rua, pelo bairro, pela freguesia. Se queremos viver melhor temos que nos envolver.

Sobre a Reboot

É uma conferência pequena, apenas 500 pessoas, mais coisa menos coisa, mas onde o mais importante nem são as apresentações mas a partilha de ideias com pessoas do mundo inteiro, que ali vão com o mesmo objectivo. Perdi a conta ao número de conversas e descobertas interessantes que ali tive desde o primeiro dia.

E também não temos apenas grandes gurus. Temos gente normal, com boas ideias e que em algum momento das suas vidas decidiu pôr mãos à obra, arriscar e empreender.

A vontade que tenho de fazer uma excursão de portugueses daqueles que só se queixam e de os levar lá para verem e sentirem como a mudança está em nós e não nos outros…

Em Outubro temos a Shift, que já é um principio em território nacional duma experiência deste nível e uma oportunidade única para os que não podem deslocar-se para tão longe.

Sobre a vida

Com tanto subsidio e apoio para tanta coisa, o governo devia pensar seriamente em promover anos sabáticos junto dos profissionais deste país e dar-lhes condições de desenvolvimento e inovação sem a pressão do dia-a-dia no trabalho.

Não me peçam mais pormenores ao modo como isto devia funcionar, ainda só estou a dar uma ideia, mas que a par de bolsas de estudo, erasmos, formação profissional e etc iria fazer muito pela inovação nacional. E digo isto porque é exactamente o que me apetece fazer como forma de desenvolvimento pessoal e porque as horas livres já não chegam para tudo.

Senão tenho que encontrar um sponsor. Alguém interessado?

3 Replies to “A vida depois da Reboot”

  1. Temos as melhores condições como cidade mas imensas medidas que não são tomadas porque são politicas. E o povo que não se revolta com tamanho roubo, porque será?

    1. Já viste a proposta de quarteirão da Monocle? Gostava de ver um politico a defender aquilo nas próximas eleições.

  2. Os critérios da Monocle são, sem dúvida, diferentes dos da Mercer… Viena em sétimo quando Copenhaga está em segundo???

    Adiante. Um conceito interessante criado no Butão e que merecia ser explorado por cá: Felicidade Interna Bruta e uma governação que obriga ao equilíbrio entre esta e o Produto. Basicamente funciona assim: coisa traz dinheiro mas faz as pessoas infelizes, fora com ela. Aplica-se ao estacionamento, à televisão, à construção civil, às garrafas de água, …

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