Por causa dum pseudo-motivo ecológico, a maior parte dos grandes supermercados deixaram de dar sacos aos seus clientes e passaram a vendê-los. Acredito que se vendam menos dos que os que se ofereciam, mas ainda assim continua a não ser uma “dor” suficientemente grande para me fazer andar com o meu próprio saco. Por 2 cêntimos compro um saco e atiro para trás das costas o recorrente esquecimento.
Por outro lado, sempre que recuso um saco plástico noutros sítios, para além do alivio moral, não tenho qualquer tipo de “prémio” que me incentive a continuar esta prática.
Até que um dia… no Supermercado Brio tive uma agradável surpresa. A recusa do saco deu-me um desconto de 4 cêntimos. Surpreendido pedi explicações: simples, disseram, aqui damos o primeiro saco e só vendemos o segundo e seguintes, mas para quem não quer levar o saco descontamos o valor.
Não é nenhuma fortuna, mas é um primeiro prémio que em termos de efeito me faz sentir exactamente ao contrário da multa dos outros. Aqui, se não me esquecer, ganho 4. Nos outros perco 2.
E esta é a primeira parte do post. A segunda é mais intrigante.
Sempre que conto esta história aos meus concidadãos, vejo a maior parte a fazer contas de cabeça e a agarrar os buracos do sistema. Coisas do tipo: mas sempre que compras? Mesmo que seja várias vezes ao dia? E se for uma compra de 4 cêntimos não pagas nada? Hum… e ficam a pensar de olhos brilhantes a sonhar com a soma de vários 4 cêntimos por compra.
É o português mais profundo a vir ao de cima, o chico-esperto, o fura-vidas, o amigo da cunha, do esquema, do debaixo da mesa… aquelas que obrigam a que qualquer regulamento ou lei tenha 50 mil páginas para que todas as situações fiquem devidamente cobertas e ninguém possa fazer nada, ou que num cruzamento onde há um sentido obrigatório tenha que existir também a placa de sentido proibido e o proibido virar no sentido oposto.
Somos um povo criativo, sem dúvida… pena que ainda não tenham descoberto que essa criatividade pode ser utilizada noutras coisas que não na trafulhice.