Quando por cá andamos a defender o uso da bicicleta como solução de mobilidade, quando já começamos a ter ciclovias e ecopistas e até alguns pontos de estacionamento, quando até já temos ladrões de bicicletas, vale a pena começarmos a pensar em alguns dos efeitos secundários deste movimento e a agir antes que seja tarde.
Ser dono?
A foto deste artigo é de um dos maiores parques de estacionamento de bicicletas em Amsterdão e acreditem-me, não é o único nem é suficiente. Os passeios estão cheios delas, em muitas montras encontramos sinais de proibido estacionar, algumas ruas tornam-se insuficientes para a circulação normal de pessoas e bicicletas e estacionamento, o que retira à cidade toda a boa onda obtida com este movimento.
Sendo uma cidade de canais, encontrei muitos batelões, propriedade da “autarquia”, a servirem de estacionamento. Mas mesmo assim, e mesmo grátis, não chegam nem para metade das necessidades.
Bicicletas sim, muitas e cada vez mais, mas teremos que ser donos delas? Teremos que as ter espalhadas por todo o lado à espera de serem usadas, a ocuparem espaço público e a perturbarem a livre circulação de peões?
Partilhar?
Noutras cidades, e tomando o exemplo de Paris que me pareceu o mais eficaz, optaram pelas bicicletas partilhadas em coordenação com os transportes públicos, o que leva a que sejam necessárias menos bicicletas para servir mais pessoas, que seja necessário menos espaço para estacionamento e a que mais pessoas usem a bicicleta em trajectos de proximidade, deixando para o transporte público a parte mais complicada ou longa dos percursos.
Espalhados pela cidade encontramos pontos de estacionamento/levantamento das bicicletas, quase sempre nas proximidades das estações de metro ou nos grandes terminais de transportes. Ao longo do dia reparei que alguns carros faziam o transbordo de bicicletas entre zonas onde já havia demasiadas para zonas onde faziam falta. Não é difícil imaginar que pela manhã, e pensando em Lisboa, as bicicletas no Campo Grande estivessem em falta e no Saldanha sobrassem.
Usar, partilhando!
Quanto mais penso nas questões do consumo e na sustentabilidade do mundo, mais fico adepto das soluções de partilha, de uso comunitário e de consumo colaborativo.
Se a solução das bicicletas partilhadas pode levar a que mais gente as use juntamente com o transporte público (e ajudando a que sejam auto-sustentáveis), evitando carros em circulação, reduzindo o nosso consumo fóssil e a nossa dependência da energia exterior, reduzindo poluição, ganhando em saúde pública e na qualidade do ar que respiramos, nos benefícios pessoais pelo exercício físico diário e regular, então diria que não há outra coisa a fazer que não seja implementar esta ideia.
Ao poder local pedimos apoio institucional para que os processos de licenciamento sejam céleres e os esforços de coordenação com a rede de transportes facilitada, eventualmente até revista, dado o impacto positivo esperado.
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