Desde há uns tempos que assistimos a uma das tendências mais interessantes na construção de novos espaços de lazer: a reutilização de produtos antigos, quase em estado de irem parar ao lixo, e a sua ascensão ao estado de objectos de culto dentro dum determinado contexto.
Já não se trata apenas de ter peças antigas como elementos decorativos, agora são objectos de uso efectivo: os pratos velhos chegam à mesa para nos servirmos.
É a verdadeira explosão da reutilização e eu resolvi chamar-lhe saloio-chique.
Para os mais jovens aquilo é altamente. Para mim, que vivi no meio das peças, é divertido e contraditório ao mesmo tempo, porque me lembro de termos odiado aquelas coisas velhas e de termos querido coisas novas e modernas para nos alegrarem a vida. Tivessem andado de calças à boca de sino a ver se achavam alguma graça ao revivalismo.
Ultimamente tenho ganho o direito a algumas noites mais livres e tenho descoberto as novas pérolas da capital: a nova vida do Cais do Sodré, os bares de putas transformados em cabarets, ateliers criativos e etc, uma velha loja de artigos de pesca transformada em bar sem que nenhuma das prateleiras e dos produtos anteriormente expostos tivesse sido removido.
É trend, é fashion, é chique e é espectacular ver como um espaço pode ter um uso tão distante do original, acrescentando valor à nova oferta. Tenho que perguntar ali à antropóloga se isto tem nome… mas para mim, volto a dizer… é saloio-chique!
A tendência da redescoberta do antigo como forma de recuperarmos os valores da tradição em busca de chão mais sólido para pisar já é conhecida e está assumida, mas agora vejo-a a ganhar outros contornos que acho mais interessantes pelo potencial de recuperação dos núcleos urbanos. E as nossas cidades têm condições únicas para o fazerem. Aproveitem-se!
foto gentilmente gamada ao Freshland