O Metro de Lisboa vai lançar um clube com mascote destinado a sensibilizar os mais novos para a utilização dos transportes públicos. Acho muito bem. De pequenino se torce o pepino diz o povo, e o universo não é sustentável se andarmos todos montados em petróleo. E até que cheguem as alternativas ainda temos muito que penar. Mas adiante.
Aquilo que mais me “incomoda” é que esta utilização dos transportes pela família e pelos miúdos tem outra forma de ser dinamizada e isso passa pela politica de bilhetes e tarifas. Não só mas acima de tudo por aí.
Vou falar outra vez de Copenhaga (chato dum raio, só me faço lembrar o João Salvado a dizer: se fosse na Holanda…): as crianças até aos 12 anos podem circular gratuitamente nos transportes desde que acompanhadas por um adulto. E cada adulto pode levar consigo até dois pimpolhos. Por cá, temos duas hipóteses: ou compramos um passe especial vendido caridosamente a metade do preço ou carregamos um bilhete com dinheiro e os pimpolhos pagam como gente grande.
Somando isso aos passes dos pais, rapidamente uma família que viva em Lisboa, utilizadora dos transportes e com dois pimpolhos paga logo 84 aérios.
Não sendo muito tipo uma fortuna, é muito, se somarmos ainda o esforço necessário à utilização e à conta simples tipo “vamos de carro e gasto pouco mais”.
Se o Metro e a Carris querem efectivamente chamar a si utilizadores e clientes, têm forçosamente que rever esta política.
Por outro lado, com os novos cartões de chip que é preciso validar nas entradas e saídas no metro, tentem fazê-lo com duas crianças pela mão, 3 cartões diferentes, sem as perder de vista e em segurança. É complicado pois é. Na linguagem moderna chama-se a isto um problema de usabilidade e acessibilidade. E enquanto não resolvermos as questões de acessibilidade a pessoas capazes como é que as vamos resolver para os menos válidos?
Resumindo: abram as portas aos miudos a custo zero e de certeza que os vão cativar para a sua vida futura. A mascote é uma animação, mas não os leva lá para dentro.