Entrei pelo estúdio adentro cheio de ganas. De álcool também. A decisão e a anestesia: uma garrafa de vodka sem laranja porque tenho medo de oxidar.
Desenrolei a folha de 2×1 onde tinha contornado o meu corpo, deitei-a na marquesa, poisei o molho de notas na mesa, pedi para me amarrarem não fosse querer desistir.
Ausentei-me e recolhi-me, imerso no que me esperava: ia tatuar-me todo, de cima abaixo, com as memórias de uma vida “Toma lá Alzheimer, já te lixei!”.
Ouvi as fivelas a fechar, a luva de latex a bater no pulso do Johny68, tatuador famoso na rua dele com os melhores Amores de mãe e Angola 74 jamais vistos. Diz quem sabe.
As agulhas zumbiram 8 horas de seguida, todo eu chaga, o Johny em transe, as putas da rua a entrarem e saírem, a apreciarem a dor em corpo alheio.
8 horas 8… e no fim, depois de tudo, depois de metido em gel e embrulhado celofane de cozinha, a Alcina grita da janela… “Psoríase está mal escrito!”.