Muitas vezes nos perguntamos aqui em casa se será possível surgir em Lisboa uma dinâmica alternativa como a que aconteceu no Porto com a R. Miguel Bombarda, que de repente se tornou um polo de atração de novos artistas, galerias, crafters, lojas alternativas de roupa e cultura, etc.
E onde poderia ser isso? A zona da Estefânia e Arroios parecem-nos sempre boas hipóteses.
Já no passado essa possibilidade existiu, se calhar antes de tempo, com a transformação do Centro Comercial Portugália num centro de lojas diferentes, onde a atração era feita pela Carbono ou pela Simbiose. Pouco a pouco foram fechando todas e hoje nem sei o que lá existe dentro (tenho medo de entrar).
A zona é barata, quer nas rendas quer na reconstrução, não está excessivamente degradada, ainda tem residentes e mesmo durante a noite tem movimento de gente. Há espaços vagos, há proximidade de transportes e está na proximidade de vários outros pontos de interesse e centrais da cidade, nomeadamente o Saldanha.
Faltaria aparecer um polo de atração suficientemente forte para atrair público e que a pouco e pouco fosse capaz de atrair outros negócios que começassem a beneficiar desse movimento.
E eis que esta semana abriram duas lojas novas que me deram alguma esperança de que algo esteja a mudar e vi também boa adesão do público a essas abertura. Uma foi a Padaria Potuguesa a outra foi a Oops, uma loja de mobiliário italiano para quartos de criança (coisas bem catitas).
De repente respirámos de alivio: os espaços vazios não foram entregues ao chinês… ufa! E foram apenas duas lojas a darem uma pedrada no charco. Qual será a próxima mudança? Quem se atreverá? Uma livraria alternativa? Uma loja de discos? Roupa? Com tanto designer de moda nesta cidade e não os vejo a abrir espaços de venda, nem que sejam partilhados.
Rua a rua podemos mudar uma cidade. Ainda hei-de ver Arroios nas páginas da Monocle.
p.s – um dos livros que está aqui para ser lido chama-se Small Mart Revolution e tem muito a ver com necessidade de recuperação do comercio local como forma de revitalizar a economia das comunidades, sejam grandes ou pequenas… a cidade tem muitas aldeias.
fotografia gentilmente “gamada” aqui
e esqueceste-te da ‘outra face da lua’ há pouco aberta na almirante reis, pertinho da portugália/pascoal de melo!!!
Jovem, enquanto não tens tempo empresta-me o livro 😀
Concordo contigo. Tem todas as condições. Um problema que identifiquei é que não há contactos disponíveis nas lojas. Fecham, ficam ao abandono e na maioria dos casos torna-se quase impossível contactar os proprietários (ou ex proprietários).
A Junta de Freguesia podia começar a compilar esses dados e a tentar dinamizar o uso dos espaços por outras pessoas ou outros negócios.